sábado, 10 de dezembro de 2016

O Presente de Natal

O Presente de Natal
adaptação de um conto de Jerôme e Jean Thauraud
por Frei Braz scj
 
Foi em Belém, ao despontar da aurora. A estrela acabava de se desvanecer, o último peregrino havia deixado o estábulo, a Virgem tinha acomodado a palha, o Menino ia dormir, enfim. Mas dorme alguém na noite de Natal!? Entretanto, suavemente, a porta abre-se, empurrada, dir-se-ia mais por um sopro que por uma mão, e uma mulher, coberta de farrapos, aparece na soleira, tão velha, tão enrugada que, no seu rosto cor de terra, a boca dir-se-ia não mais que uma ruga.
Ao vê-la, Maria estremece, como se se tratasse de alguma fada agoirenta que entrasse. Felizmente, Jesus dorme! O burrinho e o boi ruminam pachorrentamente a sua palha e vêem avançar a estrangeira sem manifestar espanto algum como se de há muito a já conhecessem. A Virgem, por sua vez, não desvia dela o olhar. Cada passo que dá parece-lhe longo como uma eternidade.
A velha avança, ei-la já à beira da manjedoura. Graças a Deus, Jesus continua adormecido. Mas dorme alguém na noite de Natal!?
Eis senão quando, abrem-se as pálpebras do Infante, e sua mãe constata, admirada, que os olhos da mulher e os do seu Menino são exatamente idênticos; mais, brilham com a mesma esperança.
A velha debruça-se então sobre a palha, enquanto que a sua mão procura na confusão dos farrapos qualquer coisa que parece levar séculos a encontrar. Maria observava-a continuamente e sempre com a mesma inquietude. Os animais também a olham, mas em nada surpreendidos, como se soubessem antecipadamente o que iria acontecer.
Finalmente, ao fim de um bom momento, a velha acaba por retirar dos seus trapos um objeto escondido na mão, que entrega ao Menino.
Depois de todos os tesouros dos magos e das oferendas dos pastores, que poderia bem ser esse presente? De onde está, Maria não o pode ver. Ela vislumbra unicamente o dorso da velha curvado pela idade, e que mais ainda se curva ao debruçar-se sobre o berço. Mas o burrinho e o boi, esses, vêem-no e nem por isso demonstram a mínima admiração.
E aquilo dura ainda tanto tempo. Enfim, a velha reergue-se, como que aliviada do enorme fardo que a puxava para a terra. Os seus ombros já não estão curvados, a sua cabeça quase toca o colmo, o seu rosto reencontra milagrosamente a juventude. E quando ela se afasta do berço para retomar a porta e desaparecer na noite donde tinha vindo, Maria pode ver, enfim, o que era o seu misterioso presente.
Eva, que outra não era, acabara de entregar ao Menino uma pequena maçã, a maçã do primeiro pecado e de tantos outros que se lhe seguiram! E a pequena maçã escarlate brilha agora nas mãos do recém-nascido como o globo do mundo novo que acaba de nascer com ele.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Ciclo de Natal





O Ciclo do Natal
- Apresentação Powerpoint (ao clique) -
Notas complementares a cada diapositivo

1. O povo que andava nas trevas viu uma grande luz (Iz 9,1). Tópicos para compreensão da diâmica da Liturgia do Ciclo de Natal.
2.         No ciclo do ano, a Igreja comemora todo o mistério de Cristo, desde a Encarnação até ao dia do Pentecostes e à expectativa da vinda do Senhor (Normas gerais sobre o ano Litúrgico e o Calendário 17).
3.         O Sagrado Tríduo da Paixão e Ressurreição do Senhor é o ponto culminante de todo o ano litúrgico (Normas gerais sobre o ano Litúrgico e o Calendário, 18).
4.         Missal Romano, Oração Eucarística, Aclamação:
Ø  Mistério da fé! - Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.
Ø  Mistério admirável da nossa fé! - Quando comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, esperando a vossa vinda gloriosa.
Ø  Mistério da fé para a salvação do mundo! – Glória a Vós, que morrestes na Cruz e agora viveis para sempre. Salvador do mundo, salvai-nos. Vinde, Senhor Jesus!
5.         Visão geral do Calendário Litúrgico
6.         Depois da celebração anual do Mistério Pascal, nada na Igreja é mais venerável do que a celebração do Natal do Senhor e das suas primeiras manifestações: é o que se faz no Tempo do Natal (Normas Gerais sobre o ano Litúrgico e o Calendário 32).
7.         Assim como as celebrações pascais são precedidas de um tempo de preparação, a Quaresma, também o Tempo do Natal é precedido pelo Tempo do Advento.
8.         Ciclo do Natal: composto de dois tempos
Ø  I. Advento
Ø  II. Natal
9.         I. Tempo do Advent  = adventus / ad venire (vinda)
Chegada do príncipe: Preparai os caminhos do Senhor
10.     O Tempo do Advento tem dupla característica:
          É tempo de preparação para a Solenidade do Natal, em que se comemora a primeira vinda do               Filho de Deus aos homens;
          Foi Ele que os Profetas anunciaram,
          a Virgem Mãe esperou…
          João Baptista proclamou estar para vir
          e mostrou já presente no meio dos homens.
             (Prefácio II entre 17e 24 de Dezembro)
10. Simultaneamente é tempo em que, comemorando esta primeira vinda, o nosso espírito se dirige para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos.
Ele veio a primeira vez, na humildade da natureza humana…
abrir-nos o caminho da salvação
De novo há-de vir, no esplendor da sua glória,
para nos dar os bens prometidos
que, entretanto, vigilantes na fé, ousamos esperar…
(Prefácio I - até 16 de Dezembro)
11. 1ª vinda - Já veio: Celebração do Natal
      2ª vinda: Há-de vir: Cristo Rei
      Entre as duas:  Está presente: Igreja / Sacramentos
12.   Até 16 de Dezembro: Preparação da vinda futura: o fim dos tempos.
Domingos do ano A
Ø  1: Cristo virá na Sua glória
Ø  2 e 3: João Baptista anuncia-O
13.   De 17 a 24 de Dezembro: Preparação imediata à celebração do Nascimento.
Domingos do Ano A: 4: O nascimento de Jesus, filho de Maria noiva de José.
14.   O Tempo do Advento começa com as Vésperas I do domingo que ocorre no dia 30 de Novembro, ou no mais próximo a este dia e termina antes das Vésperas I do Natal do Senhor.
(Normas gerais sobre o ano Litúrgico e o Calendário, 40)
15.   Antífonas da Novena de Natal: Os grandes “O” 17 a 23 de Dezembro. Há divergência na ordem de apresentação destas antífonas entre a Liturgia da Palavra da Eucaristia (aclamação do Evangelho) e a Liturgia das Horas (antífona do Magnificat) que se apresenta assim:
Dia 17: Ó Sabedoria do Altíssimo, que tudo governais com firmeza e suavidade: vinde ensinar-nos o caminho da salvação
Dia 18: Ó Chefe da casa de Israel, que no Sinai destes a Lei a Moisés: vinde resgatar-nos com o poder do vosso braço.
Dia 19: Ó Rebento da raiz de Jessé, sinal erguido diante dos povos: vinde libertar-nos, não tardeis mais.
Dia 20: Ó Chave da Casa de David, que abris e ninguém pode fechar, fechais e ninguém pode abrir: vinde libertar os que vivem no cativeiro das trevas e nas sombras da morte.
Dia 21: Ó Sol nascente, esplendor da luz eterna e sol de justiça: vinde iluminar os que vivem nas trevas e na sombra da morte.
Dia 22: Ó Rei das nações e Pedra angular da Igreja vinde salvar o homem que formastes do pó da terra.
Dia 23: Ó Emanuel, nosso rei e legislador, esperança nas nações e salvador do mundo: vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus.
16.   As grandes Figuras do Advento
17.   João Baptista, o Precursor: Preparai os caminhos do Senhor. (João = Deus é misericordioso; Baptista = que baptiza).
18.   José, o homem do silêncio (José = Deus multiplica).
19.         Maria, a Mãe Virgem antes do parto, durante o parto, depois do parto: Fiat! – Faça-se! (Maria = Senhora soberana; Luz sobre o mar = Estrela do mar).
20.   Jesus = Deus Salva. Emanuel = Deus-habita-no-meio-de-nós.
21.   Particularidades da Liturgia no Tempo do Advento:
Ø  Paramentos roxos (3º domingo = pode ser cor-de-rosa),
Ø  Não se canta/recita o hino Glória, excepto nas solenidades (Imaculada Conceição a 8 de Dezembro, por exemplo).
Ø  Decoração mais discreta.
22.   A Coroa do Advento – não pertencendo à tradição litúrgica, pode utilizar-se como elemento catequético.
23.   A Coroa do Advento é feita de ramos verdes, com 4 velas, representando as 4 semanas do Advento. Em geral, três das velas são roxas e uma é cor-de-rosa (3º domingo “Gaudete” = alegrai-vos). A coroa tem normalmente uma fita vermelha entrelaçada e pode, igualmente, ter alguns detalhes dourados em representação da glória do Reino que vem.
25. Coroa: em forma de círculo sem princípio nem fim, indica a perfeição. É sinal do Amor de Deus, mas também do amor ao próximo que não há-de findar. O tempo cristão, todavia, não está fechado num “ciclo do eterno retorno”, mas é vivido em elipse projectada na eternidade. Pode ver-se também no círculo um elo, como invocação da Aliança entre Deus e o homem.
26. Ramos verdes: indicam a vida e a esperança: Os ramos dos pinheiros e dos ciprestes foram os escolhidos, pois permanecem verdes apesar dos rigorosos invernos. Também os cristãos devem manter vivas a fé e a esperança apesar das tribulações da vida.
27. Fita vermelha: que pode envolver a grinalda, simboliza o Amor de Deus ou o próprio Espírito Santo a embalar toda criação que é remida com a chegada de Jesus. Também se podem usar 4 laços vermelhos, significando os quatro pontos cardeais, como anúncio da Cruz Redentora (a estrela do Natal é cruciforme, remetendo-nos para a Páscoa). Pode ainda ver-se o azevinho com as suas folhas espinhosas e os seus grãos vermelhos, como invocação da Paixão Redentora.
28. Bolas ou pinhas douradas: simbolizam os frutos do Espírito Santo. Flores: significam a alegria na esperança.
Luz crescendo progressivamente: indica a aproximação ao Natal, e anuncia, desde logo, a Parusia de que o Advento é antecipação, quando Cristo, Salvador e Luz do Mundo, brilhar para toda a humanidade.
Cor roxa das velas: indica a purificação dos corações como preparação para acolher o Cristo que vem. A vela de cor rosa (3º domingo - Gaudete) convida à alegria, pois o Senhor está próximo.
29. Nota Bem: A coroa de advento não deve ser colocada sobre o altar e as velas em nada substituem os círios do altar, necessários às celebrações litúrgicas.
30. As 4 semanas:
1.    A promessa do perdão a Adão e Eva
2.    A fé dos Patriarcas na terra prometida
3.    A alegria do rei David que canta a Nova Aliança (cor-de-rosa)
4.    O Reino de Paz anunciado pelos Profetas
31. II. Tempo de Natal (Natalis = Nascimento)
32. Eucaristia: É sempre a celebração da Morte e Ressurreição de Cristo Jesus, Ele que nasceu em Belém.
33. Tradições do Advento e do Natal
34. Solstício de inverno
     Ø  Roma: 25 Dezembro - Nascimento do Sol Invicto
Ø  Egipto: 6 Janeiro - Epifania, Baptismo, Caná
35. 24 de Dezembro: Comemoração do “nascimento” de Adão e Eva e dos santos que viveram antes de Jesus Cristo.
25 de Dezembro: Comemoração do nascimento de Jesus Cristo, do seio virginal de Maria, a Nova Eva.
O NÃO de EVA, expulsa do Paraíso pelo Anjo, dá lugar ao AVE do Anjo que leva ao SIM de Maria.
36. Meia-noite: Quando um profundo silêncio envolvia todas as coisas, e a noite estava no meio do seu curso, a Vossa palavra omnipotente desceu dos céus e do trono real (Sabedoria 18,14).
37. Burro e Boi: O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o estábulo do seu dono; mas Israel não conhece nada, o Meu povo não tem entendimento (Isaías 1,3).
38. Pastores 1: Na mesma região, encontravam-se uns pastores, que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite (Lucas 2,8).
Pastores 2: Eu sou o Bom Pastor (João 10,11).
39. Anjo: O anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu em volta deles (Lucas 2,9). Anjos com asas: a Mensagem de Deus é para ser transmitida sem demora
40. Galo: No “meio da noite”. O canto do galo anuncia a chegada do dia: Jesus é o novo dia sem ter ocaso. Referência também à negação de Pedro na Paixão de Jesus.
41. Belém = Casa do Pão. O Verbo feito carne é o Pão vivo descido do céu para dar a vida ao mundo (João, 6).
42. E o Verbo feito carne, torna-se Pão (= a Imagem do Menino deitado numa máquina de fabricar hóstias com um travesseiro feito de espigas).
43. Magos > Sábios/Astrólogos – Reis???
Todos os reis se prostrarão diante dele, as nações o servirão (Salmo 72,11)
Século V: Nomes; Século XV: Origem
Ø  Baltazar » África
Ø  Melchior » Europa
Ø  Gaspar » Ásia
44. Três? - Chegaram a Jerusalém UNS MAGOS vindos do Oriente (Mateus 2,1).
45. As oferendas:
Ouro » realeza / Incenso » divindade / Mirra » humanidade.
46. O número três pode também ter relação com as Idades do Homem: Infância / Idade Adulta / Velhice.
47. Presépio = Manjedoura
Ano 1223: São Francisco de Assis representa o nascimento de Jesus num estábulo, com um boi e um jumento. Não há imagem do Menino, mas celebra-se a Eucaristia num altar montado no local.
48. Natal e Páscoa: A estrela de Natal normalmente tem quatro pontas, indicando os quatro pontos cardeais (norte, sul, este, oeste), ou mesmo 8, indicando a universalidade da Salvação realizada por Cristo. Por outro lado, tem uma forma cruciforme, fazendo ligação à Páscoa.
49. Na imagem, vê-se o Menino, despido, deitado por terra, enquanto Maria e José, em atitude de adoração, estão bem vestidos: é o novo Adão, unido à terra, na humildade e no despojamento.
50. A Sagrada Família dentro de uma gruta sombria: Jesus é a Luz do mundo que vem trazer brilho às trevas. E a Salvação realiza-se no mistério da morte, anunciada pelas faixas em que o menino está envolvido, como que para ser sepultado (na manjedoura, pode ver-se a forma de um caixão).
51. Maria parece voltar as costas ao Menino, isto porque Ela O deu à luz não para si mesma mas para o mundo. Está vestida de vermelho, pois é criatura mas tem um manto azul porque foi envolvida pela Graça de Deus. José, velho, indicando que está lá para “guardar” a virgindade de Maria, está vestido de vermelho, indicando também ele ser uma criatura.
52. Pai Natal - São Nicolau? Figura de criança, no início, foi nos Estados Unidos da América, no século XIX, que se tornou a figura que hoje conhecemos… para um anúncio da coca-cola de então!!!
53. ÁRVORE DE NATAL (pinheiro) – SS.ma Trindade (triângulo)
Árvore do Paraíso (Génesis, 2,9)
Árvore de Jessé (Isaías, 11,1-3)
Evangelho: Madeiro da Cruz (João 19,17)
Apocalipse: Árvore da Vida (Apocalipse 22,2)
54. O Tempo de Natal decorre desde as Vésperas I do Natal do Senhor até ao domingo depois da Epifania, isto é, até ao domingo a seguir ao dia 6 de Janeiro inclusive - Baptismo do Senhor (Normas Gerais do Calendário, 33).
55. Tempo do Natal:
Ø 25 de Dezembro » Natal
Ø 1 de Janeiro » Mãe de Deus
Ø Domingo seguinte » Epifania
Ø Domingo seguinte » Baptismo
Ø Se a Epifania cair a 7 ou 8 Janeiro celebra-se o Baptismo na 2ª-feira seguinte.
Ø Em lugar do Domingo I do Tempo Comum, celebra-se a Festa do Baptismo do Senhor.
56. TEOFANIA = Manifestação de Deus
Ø Natal: Manifestação aos pequeninos
Ø Epifania: Manifestação às nações
Ø Baptismo: Manifestação ao Povo Judeu
57. Particularidades da Liturgia do Natal
     Ø Gloria
Ø  Paramentos brancos
58. Celebrações ligadas ao Natal
Ø Anunciação 25 de Março - 9 meses antes do Natal
Ø Apresentação 2 de Fevereiro - 40 dias depois do Natal
59. O Ano litúrgico começa no quarto domingo antes do Natal, domingo a seguir à Solenidade de Jesus Cristo, Rei do universo com que termina o ano litúrgico.
60: Ato de oblação para o Tempo de Advento:
Pai Santo,
nós Te damos graças por Cristo, nosso Senhor.
Ele veio a primeira vez,
na humildade da natureza humana,
realizar o eterno desígnio do teu amor
e abrir-nos o caminho da salvação;
de novo há-de vir, no esplendor da sua glória,
para nos dar em plenitude os bens prometidos.
Entretanto, solidários com Ele
e partilhando as aspirações dos nossos contemporâneos,
queremos oferecer-nos totalmente
para colaborarmos na construção da cidade terrena
e na edificação do Corpo de Cristo,
testemunhando que o Reino e a sua justiça
devem ser procurados acima de tudo. Ámen.
61. Composição: Frei Braz, scj
      Sacerdotes do Coração de Jesus
      Seminário Nossa Senhora de Fátima, Alfragide, Novembro 2016

Escrito sem acordo ortográfico.

domingo, 16 de outubro de 2016

Mistérios Dolorosos

Com Maria, unidos à Paixão de Cristo
Mistério(s) da dor
Textos da Regra de Vida SCJ
Pensamentos do Servo de Deus Leão Dehon

Deus, vinde em nosso auxílio.
     R/Senhor, socorrei-nos e salvai-nos.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
     R/ Como era no princípio, agora e sempre. Ámen. Aleluia!

A Rua da Amargura, o Largo das Dores, a Praça das Angústias, o Beco da Solidão, surgem em cada canto do nosso mundo, passam pelas nossas cidades, cortam os nossos bairros, atravessam as nossas vidas. E nós somos os eternos viandantes nessa espectacular peregrinação, mistério da dor, na esperança de, finalmente, alcançar a Cidade da Eterna Alegria, mistério da Redenção.
“Animando, assim, tudo o que somos, fazemos e sofremos pelo serviço do Evangelho, o nosso amor, pela participação da obra da reconciliação, cura a humanidade, reúne-a no corpo de Cristo e consagra-a para Glória e Alegria de Deus” (RV 25).
Rezando o terço, vamos lembrar o mar de sofrimento em que vive afogada tanta gente. E juntemos a esta prece a intenção de compreender que a nossa “vida reparadora será, por vezes, vivida na oferta dos sofrimentos suportados com paciência e abandono, mesmo na noite escura e na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos e a morte de Cristo pela redenção do mundo” (RV 24).

Cântico: Ao longo da tua vida, nunca sozinho estás
          Contigo pelo caminho Nossa Senhora vai.
         - Vai com os homens a caminhar, Nossa Senhora vai (bis)


1.º Mistério: Com(o) Maria, contemplemos a Cristo em Agonia até ao fim dos tempos.
“Alegro-me nos sofrimentos por vossa causa e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo que é a Igreja” (Col 1,24).
“Que eu posso compreender cada vez melhor esta necessidade de morrer para produzir a vida!” (L.Dehon, Pensamentos 29 março).
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...

2.º Mistério: Com(o) Maria, contemplemos a Cristo flagelado, no seu despojamento
“Chegou a hora de ser glorificado o Filho do Homem.  Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a  vida perdê-la-á; e quem neste mundo aborrece a sua vida conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12,23-25).
“Sem medo diante da cruz: ela é suave, um fardo leve  (Mt 11,30): Jesus leva a maior parte. Se a aceitarmos, ela será leve e suave, abundante de graças para nós, para os nossos irmãos e irmãs, para o mundo. Saibamos aproveitar dela generosamente” (L.Dehon, Pensamentos 6 abril).
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...

Cântico: Se pelo mundo os homens sem conhecer-se vão
          Não negues nunca a tua mão a quem contigo vai.
         - Vai com os homens a caminhar, Nossa Senhora vai (bis)

3.º Mistério: Com(o) Maria, contemplemos a Cristo Homem de dores, coroado de espinhos.
“Como os filhos participam do sangue e da carne, também Jesus participou das mesmas coisas, a fim de destruir pela sua morte aquele que tinha o império da morte, isto é o demónio, e libertou aqueles que, pelo temor da morte, estavam toda a vida sujeitos à escravidão. E porque Ele mesmo sofreu e foi tentado é que pode socorrer os que são tentados” (Heb 2,14-15.18).
“Jesus pede que façamos valer a sua cruz e nos unamos a Ele para a levar... Porque não levais mais facilmente a cruz do trabalho, da mortificação, a cruz da obediência, da humildade, da modéstia, a mesma cruz do sofrimento, se a Providência a coloca às nossas costas?” (L.Dehon, Pensamentos 9 março ).
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...

4.º Mistério: Com(o) Maria, contemplemos a Cristo, o Servo Sofredor caminhando para o Calvário.
“Na verdade, ele tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores! E nós o reputávamos como um castigado, como um homem ferido por Deus e humilhado. Mas foi castigado pelos nossos crimes, e esmagado pelas nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre Ele, fomos curados nas Suas chagas (Is 53,4-5).
“Para cada um de nós, a cruz, o sacrifício é necessário. É a vida, a fonte de toda a graça e de todo o progresso... Levemos generosamente a cruz da paciência, do abandono, do sacrifício pela obra do Coração de Jesus” ( L.Dehon, Pensamentos 30 março).
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...

Cântico: Mesmo que alguns te digam que nada podes mudar
          Luta por um mundo novo, luta pela Verdade.
         - Vai com os homens a caminhar, Nossa Senhora vai (bis)

5.º Mistério: Com(o) Maria contemplemos a Cristo morrendo na Cruz para dar Vida.
“Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos buscam a sabedoria, nós pregamos a Cristo Crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Mas, para os eleitos, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder e a sabedoria de Deus” (1 Cor 1,22-24).
“É bem verdade que depois de nos ter amado durante toda a sua vida, Nosso Senhor manifestou o seu amor mais sensivelmente na sua Paixão. A Paixão é a obra capital do seu amor. Ele queria sofrer por nós porque nos amava. Este Coração amou-nos até à loucura, até se esgotar por nós. Deu-nos o seu Coração, não o retomou” ( L.Dehon, Pensamentos 4 abril).
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...

Unidos a todos os que sofrem, rezemos também por aqueles que fazem sofrer:
Avé Maria... Jesus, que aceitou plenamente a vontade do Pai – Santa Maria...
Avé Maria... Jesus, que por nós Se fez obediente até à morte e morte de Cruz - Santa Maria...
Avé Maria... Jesus, que continua a sofrer no seu corpo que é a Igreja - Santa Maria...
Salve Rainha...

Oremos. Ó Deus, Pai misericordioso, que na Tua infinita sabedoria fizeste da Cruz de Teu Filho o instrumento da nossa salvação, concede-nos a todos nós, teus filhos, não encontrarmos nela motivo de escândalo, mas que ela seja para nós ocasião de alegria e contínua libertação. Nós To pedimos por Nosso Senhor Jesus Cristo, Teu Filho, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação, e vive glorioso conTigo e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos.
Amen.

Cântico: Se parecer a teus olhos inútil caminhar
          Tu vais abrindo caminho que outros andarão.
         - Vai com os homens a caminhar, Nossa Senhora vai (bis)

(O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna.
R/ Amen.)


(Sem acordo ortográfico)
Seminário Nossa Senhora de Fátima – Alfragide, 2016-10-18

Mistérios Gloriosos

Com Maria, ao serviço do Reino
Mistério(s) da Glória
Textos da Regra de Vida SCJ
Pensamentos do Servo de Deus Leão Dehon

Deus, vinde em nosso auxílio.
          R/Senhor, socorrei-nos e salvai-nos.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
          R/ Como era no princípio, agora e sempre. Ámen. Aleluia!

 “Maria, Mãe de Jesus, está intimamente associada à vida e à obra redentora de seu Filho. Mãe da Igreja, por sua intercessão materna, está presente junto daqueles que, empenhados numa missão apostólica, trabalham para a regeneração dos homens. Ela é a primeira entre os humildes e pobres do Senhor, que, confiantes, esperam e recebem a salvação de Deus. Pelo seu Ecce ancilla, ela é a perfeita imagem da nossa vida religiosa” (RV 85).
“Maria é a nossa medianeira, sempre unida a Cristo. Deu-nos Jesus, a fonte de todas as graças. É uma amiga para todos aqueles que o seu Filho visita, para todos aqueles por quem o seu filho se interessa: amiga benevolente, amiga que dá um bom conselho, amiga segura e fiel” (L.Dehon, Pensamentos 4 maio).

Cântico    Virgem fiel, ó Santa Mãe de Deus!
                 Feliz de vós  porque acreditastes! (bis)
                        Em João recebestes-nos como filhos:
                        Nós vos reconhecemos como nossa mãe e mãe da’Igreja.

1.º Mistério: Unidos à Virgem da Páscoa.
“Cristo rezou pelo advento do Reino, que já está em acção com a sua presença no meio de nós. Pela sua morte e ressurreição, abriu-nos ao dom do Espírito e à liberdade dos filhos de Deus. Ele é para nós o Primeiro e o Último, Aquele que vive. N’Ele foi criado o homem novo, à imagem de Deus, na justiça e na santidade verdadeiras” (RV 11-12).
Pelas mãos de Maria, a Virgem da Páscoa, ofereçamo-nos ao Pai para que Cristo, Alfa e Ómega da Criação, seja reconhecido Senhor e Coração da humanidade e do mundo.
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...

2.º Mistério: Contemplando as coisas do alto.
“O mistério da Ascenção parecia pôr termo ao abaixamento amoroso do Filho de Deus. Ele desaparece dos nossos olhares, senta-se à direita do Pai. A Eucaristia continua a sua Incarnação, torna-O mais presente para nós em todos os pontos do espaço, a todo o coração que O ama e deseja a sua visita. O seu Coração está em toda a parte” (L.Dehon, Pensamentos 2 maio).
Pelas mãos de Maria, a contemplativa das realidades eternas, sejamos desapegados das coisas terrenas para saborearmos as coisas do alto. Renovemos o nosso propósito de nos unirmos a Cristo em todas as nossas acções.
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...
Cântico    Virgem fiel, ó Santa Mãe de Deus!
                 Feliz de vós porque acreditastes! (bis)
                        Vós perseverastes em oração com os Apóstolos no ceculo,
                        Esperando a vinda do Espírito Santo.

3.º Mistério: Animados pelo Espírito de Vida.
“É assim que entendemos a Reparação: como acolhimento do Espírito, como resposta ao amor de Cristo por nós, comunhão no seu amor ao Pai e cooperação na sua obra redentora no coração do mundo. É aí de facto, que, hoje, Cristo liberta os homens do pecado e restaura a união da humanidade. É também aí que ele nos chama a viver a nossa vocação reparadora, como estímulo do nosso apostolado” (RV 23).
“Depois da Ascensão de Jesus, Maria estava com os Apóstolos como seu guia e seu conselho. O Espírito Santo acabou de a enriquecer com os seus dons no Cenáculo. Irradiava dela como do seu lar sobre os Apóstolos. Por Ela obteremos também as graças do Espírito Santo” (L.Dehon, Pensamentos 8 maio).
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...

 4.º Mistério: Chamados a ser santos e irrepreensíveis.
“Longe de nos alhear dos homens, a nossa profissão dos conselhos evangélicos torna-nos mais solidários com a sua vida. Na nossa maneira de ser e de agir, pela participação na construção da cidade terrena e na edificação do Corpo de Cristo, devemos testemunhar eficazmente que é o Reino de Deus e a sua justiça que devem ser procurados antes de tudo e acima de tudo” (RV 38).
Contemplemos Maria elevada ao céu, “a Virgem gloriosa, levada pela força do seu amor, ganhando o seu lugar, o seu papel de Mãe de Deus e dos homens” ( L.Dehon, Pensamentos 15 agosto).
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...

Cântico    Virgem fiel, ó Santa Mãe de Deus!
                 Feliz de vós  porque acreditastes! (bis)
                        O Senhor vos revestiu com as vestes da salvação,
                        Qual esposa adornada para as bodas do Cordeiro.

5.º Mistério: Participantes na missão da Igreja.
“No seguimento de Cristo, devemos viver em solidariedade efectiva com os homens. Sensíveis a tudo aquilo que, no mundo de hoje, constitui obstáculo ao amor do Senhor, queremos testemunhar que o esforço humano, para chegar à plenitude do Reino, tem de se purificar e transfigurar constantemente pela Cruz e Ressurreição de Cristo” (RV 29).
Pelas mãos de Maria, glorificada porque acreditou, façamos oblação das nossas vidas para vivermos unidos a Cristo enquanto esperamos a sua vinda gloriosa.
- Pai nosso... 10 Avé Maria... Glória...

Por intercessão de Maria, Filha, Mãe e Esposa do mesmo Senhor, rezemos unidos a toda a Igreja:
Avé Maria... Jesus, o Primogénito de entre os mortos – Santa Maria...
Avé Maria... Jesus, o Mediador da nova Aliança... - Santa Maria...
Avé Maria... Jesus, Coração da humanidade e do mundo - ...Santa Maria...
Salve Rainha...
  
Oremos. Pai Santo, pela imolação de Cristo, teu Filho, gerado no seio da Virgem Maria, renovaste a vida do universo e restauraste o género humano: Unidos à Virgem, e com o seu amparo, entregamo-nos novamente a ti para que, com a nossa dedicação e o nosso serviço, o teu Filho ressuscitado seja reconhecido por todos coração da humanidade e do mundo.
Ámen.

Cântico    Virgem fiel, ó Santa Mãe de Deus!
                 Feliz de vós  porque acreditastes! (bis)
                        Em vós contemplamos a Igreja imaculada,
                        A nova Jerusalém, morada de Deus entre’os homens.

O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna.
R/ Amen.

(Sem acordo ortográfico)
Seminário Nossa Senhora de Fátima – Alfragide, outubro 2016