domingo, 20 de março de 2016

Precisões litúrgicas

Tendo sido pedida uma “lista de precisões” a fazer quanto ao desenrolar das celebrações litúrgicas nalgumas comunidades paroquias em que temos participado, particulamante no que diz respeito à celebração da Eucaristia, aqui vão algumas dicasdefreibraz sobre o assunto:



a)  Ao chegar à entrada do presbitério, após a saudação à cruz (ou sacrário, se for o caso), deveriam ser os acólitos os primeiros a subir aos seus lugares, e não os últimos, como se vê na maior parte das comunidades paroquiais, sendo o Presidente da celebração sempre o último, como acontece durante a procissão de ingresso. Ao subir, são unicamente os Presbíteros e os Diáconos que fazem a saudação ao Altar, beijando-o, os Acólitos não devendo fazer mais reverências, mas estarão já nos seus lugares preparados para exercer as funções que lhes estão atribuídas: turíbulo, missal, microfone...
Recorda-se que “o Bispo é saudado com inclinação profunda pelos ministros ou por quantos dele se aproximam por motivo de serviço ou, depois de passado esse serviço, se retiram ou passam diante dele” (Cerimonial dos Bispos, 75); o mesmo se diria do Presbítero que preside à celebração. E mais: “quando a cátedra... fica situada atrás do Altar, os ministros saúdam o Altar ou o Bispo (ou o Presbítero), consoante se aproximam ou do Altar ou do Bispo; mas evitem, quanto possível, passar entre o Bispo e o Altar, por respeito para com um e para com outro (Cerimonial dos Bispos, 77). Há que ver as características de cada lugar e proceder conforme.

b)  Não havendo cântico de entrada, “recita-se a antífona que vem no Missal, ou por todos os fiéis, ou por um grupo, ou por um leitor; ou então pelo próprio sacerdote a seguir à saudação” (IGMR26).

c)  O Kyrie, por si só, não basta como ato penitencial, visto ser uma aclamação complementar ao mesmo ; se não se utiliza a terceira fórmula, há que precedê-lo do confesso a Deus todo-poderoso ou, na segunda fórmula, do Tende compaixão de nós, Senhor
Ato penitencial e Kyrie são duas fórmulas distintas (ver nn 29-30 da IGMR); uma não exclui a outra, antes completam-se ou integram-se uma na outra. O Kyrie simples, por si só, não basta como ato penitencial, sendo, em si, uma aclamação cristocêntrica. Assim:
Ø  Ou se diz o Confesso a Deus, todo-poderoso..., seguido da invocação Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, e da aclamação Senhor, tende piedade de nós ou Kyrie eleison;
Ø  Ou se diz o segundo formulário Tende compaixão de nós, Senhor, sempre seguido da invocação Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, e da aclamação Senhor, tende piedade de nós (ou Senhor, misericórdia, ou Kyrie eleison);
Ø  Ou se intergam os dois elementos pela terceira fórmula Senhor que fostes enviado pelo Pai...  Senhor, tende piedade de nós (ou: Senhor, misericórdia ou Kyrie eleison), seguida sempre da invocação Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós.
Assim, não está correto, por ser incompleto, que se faça como acontece na maior parte das vezes: Para celebrarmos dignamente os santos mistérios, reconheçamos que somos pecadores. Senhor, tende piedade de nós...

d)  Não há nenhuma razão para que o cantor suba ao Ambão para proclamar o Aleluia e o versículo, também para que o ambão fique livre para acolher o ministro que a ele se dirige processionalmente com o Evangeliário, particularmente nas celebrações mais solenes (diácono ou sacerdote, na falta de diácono). Será o cantor ou o Grupo Coral a entoar o Aleluia mas sem subir ao ambão, o qual é reservado à proclamação da Palavra de Deus. (Põe-se, evidentemente, a questão da sonorização, pois que se utiliza muitas vezes o microfone do ambão... por não haver outro; mas não é a melhor solução!)
Ver nº.  272 da IGMR: Do ambão são proferidas as leituras, o salmo responsorial e o precónio pascal. Pode também fazer-se do ambão a homilia e a oração universal ou oração dos fiéis. Não é conveniente que suba ao ambão o comentador, o cantor ou o diretor de canto.
     Se o parágrafo citado indicava “não é conveniente”, note-se que a nova IGMR dirá no nº. 309, correspondente a este: Do ambão são proferidas unicamente as leituras, o salmo responsorial e o precónio pascal; também daí podem ser proferidas a homilia e as intenções da oração universal ou oração dos fiéis. A dignidade do Ambão exige que a ele subam unicamente os ministros da palavra.
Ver também o Cerimonial dos Bispos, nº 51: O cantor, o comentador ou director do coro, não subam ao ambão, mas desempenhem o seu múnus noutro lugar conveniente.
Entretanto, também noutros momentos se pode utilizar o ambão segundo as rubricas indicadas no CE: Epifania - anúncio das festas móveis durante o ano  (240); leitura das Cartas Apostólicas de nomeação do novo Bispo (493); Leitura das cartas Apostólicas de apresentação do novo Bispo (1143); Leitura do Mandato apostólico de imposição do pálio ao novo Arcebispo (1152).
Recorda-se também o nº 39 da Instrução Geral do Missal Romano: o Aleluia ou o versículo antes do evangelho, se não são cantados, podem omitir-se.

e)  Seria conveniente que os leitores que proclamam as intenções da Prece universal ou Oração dos fiéis, subissem ao ambão imediatamente após a recitação do Credo, a fim de já aí estarem, prontos a exercer o seu ministério, no início do convite à oração feito pelo Presidente. Há, em geral, um vazio no tempo decorrido entre o convite à oração e o início das preces.

f)   aclamações que não podem ser substituídas por adaptações nem por “versões livres” que não correspondem ao texto do Missal: Glória a Deus nas alturas, Credo, Santo, Pai nosso, Cordeiro de Deus…

g)  Recorda-se que o rito da paz não é de forma alguma uma “sessão de cumprimentos”, mas unicamente um momento em que os fiéis se saúdam uns aos outros “em sinal de mútua caridade, antes de participarem do mesmo pão (IGMR 56b). Não há cânticos previstos e, sendo, embora, habitual um pequeno refrão durante esse gesto, isso não poderá de forma alguma obnubilar o gesto litúrgico da fracção do pão que é bem mais importante pois que significa que “todos nós, apesar de sermos muitos, nos tornamos, pela Comunhão do mesmo pão da vida que é Cristo, um só Corpo” (IGMR 56c). Assim, saúdam-se fraternamente aqueles que estão ao nosso lado sem mais delongas e sem deslocações.

h)  É ao grupo coral e ao povo que compete cantar ou recitar o Cordeiro de Deus, enquanto o Sacerdote fraciona o Pão, pois que, na verdade, o sacerdote pronuncia uma oração em silêncio durante este gesto (IGMR 113-114).

i)    “Enquanto os sacerdotes e os fiéis recebem o sacramento, canta-se o cântico da Comunhão…” (IGMR 56i). Assim, este cântico começa enquanto o sacerdote comunga e não depois… Se não há cântico, recita-se a antífona, da mesma forma que se indicou para o cântico de entrada.

j)    Muitas vezes se vêem os Ministros Extraordinários da Comunhão a dirigir-se ao Sacrário durante os ritos que precedem a comunhão, sendo que, na maior parte das vezes, o fazem durante as orações presidenciais que seguem a recitação do Pai nosso… Seria bem mais conveniente que unicamente após ou durante a fracção do pão o fizessem como vem descrito no Rito para designar um ministro da sagrada Comunhão: “À fracção do pão, aquele que é chamado a distribuir a sagrada Comunhão aproxima-se do altar… (Sagrada comunhão e culto do mistério eucarístico fora da missa, Apêndice, 47). Aliás, ao tomar as píxides do Sacrário e ao repô-las, é conveniente que se transportem com simplicidade e não elevadas em gesto de “procissão”.

k)  Além dos Sacerdotes e dos Diáconos, são unicamente os Acólitos instituídos a fazer a purificação dos vasos sagrados após a comunhão - cálices, patenas e píxides - e não aos ministros extraordinários da comunhão que não são Ministros instituídos. É de toda a conveniência que este serviço seja efectuado na credência e não no Altar, mesmo no fim da celebração (IGMR 120).


l)    Finalmente, recorda-se que “terminada a oração depois da Comunhão, se houver avisos a fazer, façam-se em forma muito breve” (IGMR 123). E recorda-se também mais uma vez que nem o ambão nem o altar serão o lugar próprio.

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